
Quando caminhou em direção a uma mesa desocupada não passou desapercebida, o grupo sentado, próximo a porta e com roupas parecidas com as suas, ficou olhando para Ella, alguém que parecia ser o líder, comentou em voz alta: - Aqui nenhum forasteiro passa impunemente e tão pouco tem permissão para permanecer invisível – sentenciou Vicente olhando para as costas da intrusa. Ella estremeceu e ocupou, na mesa vazia, a cadeira que deixava que permanecesse de costas para o rapaz de voz estridente. Levantou e pediu no balcão, a um garçon de olhar ausente, uma garrafa de água mineral. Quando voltou para a mesa viu que estava ocupada, apesar do casaco que havia deixado no espaldar da cadeira. Era Vicente que não deixou que passasse direto pela mesa, pegasse o casaco e fosse embora. Não precisa ter medo, somos inofensivos, disse ao estender a mão. Achou ele formal, para a idade que aparentava ter, um pouco mais que a sua. Apresentou-lhe os outros membros do grupo e pediu que se juntasse a eles. Havia moças e rapazes, alguns formavam casais, não necessariamente de sexos opostos. Num total de seis. E assim Ella passou a frequentar uma balada de sonoridade diferente. Não havia qualquer coisa nas atitudes do grupo que a chocasse naquele primeiro momento, mas sentia um peso no ar, uma vibração, como se algo estivesse prestes a acontecer. Tinha vontade de sair dali, ir para um lugar mais iluminado, mas suas pernas pareciam estar ancoradas.
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