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Mostrando postagens de maio, 2009

Aparição II - Parte final

Nunca tinha ido ao cais do porto na época do estio, o sol forte inibia a visão, ao olhar para o chão via-se entre os paralelepípedos a grama seca. Era meio dia, o lugar estava deserto. Olhou para o rio com nível bem mais baixo, dava para ver a marca anterior na mureta construída para barrá-lo. O mesmo navio ancorado há muitos anos continuava quase imóvel em estado de deterioração. Fez a incursão de sempre adivinhando que não encontraria qualquer ser vivo ou morto. Estava muito quente, seus neurônios pareciam fritar, pensava em todas as possibilidades, sentia o ar denso. Era como uma vibração que se expandia para todos os lados e para cima, como uma onda de calor. Foi até a porta do antigo bar e ao abrir a porta levou um grande susto ao ver Vicente sentado numa cadeira do velho cenário. Perdeu a noção das horas assim que a porta fechou atrás dela. A luminosidade era a mesma da noite em que entrara ali pela primeira vez. Os amigos de Vicente foram aparecendo de lugares que não con

Aparição II

Depois desse dia Ella nunca mais foi ao cais do porto. Não comentou o acontecido e até se recusava a pensar sobre aquilo que não conseguia entender. Vicente desapareceu. Começou a levar a vida de forma mais tranqüila, sem sobressaltos, dedicando-se aos estudos para as provas finais e ao concurso do vestibular. Não imaginava que voltaria a ter aquela visão no corredor do prédio em que morava. Ele estava ali. O que estava querendo? Quem era? Vicente, o homem esquilo ou um dos outros? Só poderia ser Vicente que estava querendo amedrontá-la como fez quando foi no apartamento dele. Não sabia o que fazer, não podia contar com ninguém e o que era pior, ninguém acreditaria nela. A única solução era voltar a área portuária e descobrir tudo sozinha, mesmo que isso custasse a sua vida. O medo impediu que cumprisse o seu plano, até não conseguir sair do apartamento à noite, porque na escuridão do corredor voltava a ver o espectro luminoso.

Aparição II - terceira parte

Mesmo sendo um dia de semana, Ella decidiu ir ao bar do cais do porto, a noite se insinuava fria e a cena parecia repetir-se: o lugar quase deserto e o homem esquilo cruzando o seu caminho como se estivesse atrasado para um compromisso importante. Passou direto pela porta do bar seguindo em direção ao rio. Ella achou que o lugar ainda estava fechado e forçou a porta achando que não abriria. Ficou surpresa quando ela escancarou facilmente. Apesar da escuridão pôde ver que o balcão, as mesas e cadeiras haviam sumido. Nada mais do que fora um bar estava ali. O lugar abandonado cheirava a mofo e parecia estar fechado há muito tempo. Ella não acreditava, a porta era a mesma, pintada de preto, não podia estar enganada. Andou entre outros armazéns para ter certeza e não encontrou nenhuma porta como aquela. O lugar era aquele naquele acesso ao porto, os portões eram identificados com as letras do alfabeto e o seu era o A. Olhou na direção da orla do rio e viu Vicente conversando com o ho

Aparição II

O riso excessivo e quase sem som fez com que parecesse parte de uma dublagem grotesca. Ella sentia-se num daqueles cenários em que há vários espelhos que distorcem a imagem. Nada parece ser o que realmente é. A sensação de medo que só espreitava se fez presente. Não havia ali qualquer coisa que pudesse lhe dar segurança a não ser a porta da saída. Vicente levou algum tempo para parar com aquilo que mais parecia um espasmo, depois olhou para Ella e se desculpou. Mudou de assunto e passou a agir com tranquilidade e equilíbrio, mas além daquilo, ele demonstrava certa frieza e distanciamento. Quando o rapaz foi na cozinha pegar um copo de água, Ella puxou distraída o puxador da gaveta de um balcão de madeira, próximo ao sofá da sala, quando abriu, olhou sem pensar, e viu que estava vazia, uma idéia passou a habitar seus pensamentos e fez com que abrisse todas as gavetas e portas do móvel para constatar que estava vazio, antes que Vicente retornasse a sala. Depois entornou o copo de u