Nunca tinha ido ao cais do porto na época do estio, o sol forte inibia a visão, ao olhar para o chão via-se entre os paralelepípedos a grama seca. Era meio dia, o lugar estava deserto. Olhou para o rio com nível bem mais baixo, dava para ver a marca anterior na mureta construída para barrá-lo. O mesmo navio ancorado há muitos anos continuava quase imóvel em estado de deterioração. Fez a incursão de sempre adivinhando que não encontraria qualquer ser vivo ou morto. Estava muito quente, seus neurônios pareciam fritar, pensava em todas as possibilidades, sentia o ar denso. Era como uma vibração que se expandia para todos os lados e para cima, como uma onda de calor. Foi até a porta do antigo bar e ao abrir a porta levou um grande susto ao ver Vicente sentado numa cadeira do velho cenário. Perdeu a noção das horas assim que a porta fechou atrás dela. A luminosidade era a mesma da noite em que entrara ali pela primeira vez. Os amigos de Vicente foram aparecendo de lugares que não con