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Mostrando postagens de 2013

Ratoeiras

                                                                                                                                                                                                                           Malaquias desce apressado a alameda. Está decidido, não irá repetir mais o erro cometido em tantos anos. Pela última vez informará a Joel sua resolução. Este dirá tratar-se de uma situação sem saída, mas não o impedirá. Haviam perdido o controle das coisas, a desestruturação fazia parte do cotidiano.      Tudo começou com o aumento populacional, incentivado pelo mito da existência de muitas áreas desabitadas. Em poucos anos as fronteiras foram derrubadas e institui-se o estado de guerrilha. Nas cidades decadentes, os bandos urbanos disputavam espaços para praticar jogos de extermínio. Os donos dos antigos oligopólios e os ditadores das regras sociais construíram o último ônibus espacial. Zarparam nele. Os apenas influentes, feudalizaram-se em propriedades ca
A casa calada      Depois de um ano vivendo ali, a mulher percebera que havia sentimentos escondidos atrás da pintura das paredes. Os arranjos de rosas artificiais e o quadro com as begonhas murchas deixados pela outra mulher não foram suficientes para convencê-la da existência de tanto pesar amordaçado. Quando ela chorava sem saber o motivo achava que eram as suas agruras não identificadas.      Um dia soube que a casa sangrava de dor, que lamentava uma perda e tornava infelizes seus novos moradores. Viu o vermelho sangue borrando a tinta pastel da parede da sala e que as flores presentes no ambiente poderiam servir para um lindo arranjo fúnebre. Estavam mortas.       Restava saber quanto tempo os sobreviventes conseguiriam viver nela. O homem e a mulher sensitiva. Ela começara a conhecer a casa silenciosa, ali não havia estalidos noturnos. Não sabia o tipo de conexão que tinham, sentia o passado daquele lugar, as mágoas vividas pela outra, apertavam o seu peito. O medo lhe ac