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Mostrando postagens de abril, 2011

Pacotes mal embrulhados

Eram sete embaixo da marquise, dispostos em seqüência, da direita para a esquerda, dependendo da direção em que viesse o observador. Surgiram ali de um dia para outro, na rua lateral ao terminal dos ônibus. Havia harmonia entre a disposição deles e o cenário urbano, mas ninguém se dava ao trabalho de fazer qualquer comentário sobre a estética dos embrulhos. O vento do outono perpassava pelas frestas nas partes em que o invólucro não cobria o conteúdo imóvel. Eram quase todos do mesmo tamanho, frágeis, enrolados em texturas de vários matizes e era isto que os diferenciava. As cores mais fortes não os tornavam mais atraentes, talvez porque fossem sujos e exalassem mal cheiro. Eram invisíveis para a maioria, sumidos na paisagem, desconsiderados. Nos dias mais frios escasseavam nos lugares abertos, eram vistos nos abrigos da cidade: viadutos, pontes e prédios abandonados.Dentro dos pacotes havia seres, tinham vida própria, perambulavam pelas ruas a procura de alimentos, balbuciavam algumas