Depois desse dia Ella nunca mais foi ao cais do porto. Não comentou o acontecido e até se recusava a pensar sobre aquilo que não conseguia entender. Vicente desapareceu. Começou a levar a vida de forma mais tranqüila, sem sobressaltos, dedicando-se aos estudos para as provas finais e ao concurso do vestibular. Não imaginava que voltaria a ter aquela visão no corredor do prédio em que morava. Ele estava ali. O que estava querendo? Quem era? Vicente, o homem esquilo ou um dos outros? Só poderia ser Vicente que estava querendo amedrontá-la como fez quando foi no apartamento dele. Não sabia o que fazer, não podia contar com ninguém e o que era pior, ninguém acreditaria nela. A única solução era voltar a área portuária e descobrir tudo sozinha, mesmo que isso custasse a sua vida. O medo impediu que cumprisse o seu plano, até não conseguir sair do apartamento à noite, porque na escuridão do corredor voltava a ver o espectro luminoso.
O que dizer dessas pessoas que sentem que não se encaixam nas ações cotidianas? Não conseguem sentir da mesma forma aquilo que os outros sentem em relação a diversão e visão de mundo... São extraterrestres, não são vistos como tal, mas essa sensação lhes habita. Conseguem de forma mimética fazer parte, muitas vezes...
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