Quando o relógio digital, colocado numa das paredes do bar, zerou, foram abertas as portas da sala e o público que aguardava também fora da casa, começou a entrar. Uma música incidental entoava lamentos e gemidos, num som oscilante, como um mantra. O piso da sala coberto com folhas de árvores parecia áspero como chão de terra, estranhamente, os sapatos deslizavam nele. As paredes estavam cobertas por plantas trepadeiras, algumas pessoas viram lagartixas correrem entre as folhas. A sensação era de que tinham saído e não entrado em algum lugar. No teto da sala estava projetado um céu cinza, as nuvens se movimentando para desabarem em chuva. Alguns ficaram confusos achando que não havia cobertura acima de suas cabeças. A sensação era de expectativa. Parecia que a qualquer momento iria ocorrer algo. O medo foi contagiando a todos e transformando-se em energia, misturada ao som tecno. Muitos passaram a pedir aos garçons, bebidas fortes.
Bonnie dançava e a todo momento olhava para trás. Sentia um arrepio nas costas. Poderia ser o ar gelado que vinha do corredor que levava aos banheiros. Patrícia conhecera um tal de Syd, entraram juntos num dos corredores subterrâneos que levava aos toaletes e não voltaram. O homem grisalho sentado no bar não parava de olhar para ela. Era alto, magro e deveria ter uns cinqüenta anos. Ela impacientava-se com a demora da amiga e a hesitação do homem do bar. Será que aceitaria se o convidasse para dançar? Não iria atrás da amiga naquele corredor sombrio. Não sentia-se a vontade naquele lugar.
Bromas Naquela manhã os meninos resolveram trancar as meninas dentro da sala de aula, para isso, enviaram os nerds à sala da coordenação de disciplina para pegar uma cópia da chave no armário. Atraíram elas mostrando um vídeo no telefone de Cássio. Ele disse que dera uns amassos na Brenda, a menina mais popular da sala, atrás do prédio do laboratório de ciências. Quando todas estavam agrupadas para ver o vídeo falso, eles saíram e trancaram a porta. Correram para fora da sala, carregando a sensação de vitória. Enquanto riam do que haviam aprontado, o estrondo tomou conta de todo o andar abaixo e o fogo foi ocupando todos os cantos inflamáveis. Os meninos viraram urdidura no meio da destruição. As meninas, antes, entretidas procurando no telefone as imagens, correram para a porta quando ouviram o barulho, não conseguiram abri-la. Foram para as janelas e viram o fogo escalando as paredes. Não tinham ideia de que o prédio estava quase todo destruído, ficaram só uma sala n
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