Pular para o conteúdo principal

Pablo's house - II

Pablo chegou em casa apressado. Deveria retornar ao trabalho em alguns minutos. Tinha tempo para tomar banho e trocar de roupa. Naquele sábado inaugurava sua casa noturna. Planejara durante muitos anos. Custou a achar a casa certa. Esta contava mais de um século de existência e se parecia com a que morara na infância: muitos quartos, passagens secretas e corredores subterrâneos. Transportou todos os móveis e antiguidades de seu pais de origem e mandou construir cenários para a decoração dos ambientes destinados ao público. A outra parte da casa seria privativa e lá colocaria a antiga mobília e os objetos sagrados. Pablo aparentava ter uns cinqüenta anos, O cabelo espesso grisalho parecia precoce. Era magro, alto, determinado e de olhar confiável. As portas da casa seriam abertas ao público a partir das onze horas da noite. O acesso a sala da pista de dança, seria liberado a meia-noite. O bar era uma espécie de ante-sala. Paredes despretensiosas e claras. O cenário era desprovido de excessos, somente o neon roxo contornando as palavras: Pablo’s bar. Os garçons e garçonetes com olhos delineados de preto vestiam smoking. A vasta sala ao lado seria introduzida através da porta dupla revestida de napa branca. Havia uma eletricidade, um movimento pulsante, como se os objetos e ornamentos dentro dela ansiassem por interagir com as diversas vidas que logo a habitariam por algumas horas, certamente as mais vibrantes.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Apêndice

                                                                                                                                             O que dizer dessas pessoas que sentem que não se encaixam nas ações cotidianas? Não conseguem sentir da mesma forma aquilo que os outros sentem em relação a diversão e visão de mundo...        São extraterrestres, não são vistos como tal, mas essa sensação lhes habita. Conseguem de forma mimética fazer parte, muitas vezes...

Bolha de Calor

              A temperatura estava muito alta para a estação, primavera tórrida, sensação térmica de quarenta e sete graus. A bolha de calor se formara devido ao fortalecimento do ar seco na atmosfera, caprichos do El niño. A poluição exigia esforço para respirar. Os olhos lacrimejavam e o nariz ardia. A população da grande cidade já sofria as conseqüências do número excessivo de veículos nas ruas. A mobilidade era o problema e o rodízio dos carros nas avenidas a solução provisória.        A   calamidade era iminente, faltava água, há meses não chovia.        Até para aqueles que viviam nos subterrâneos da cidade a seca estava afetando suas vidas e seu habitat já sofria modificações. A secura já invadia os cantos escondidos pela escuridão. Quando saiam à noite para caçar, o bafo quente aderia   suas peles sensíveis e a fumaça no ar, tornava o cenário ideal para aqu...
Bromas       Naquela manhã os meninos resolveram trancar as meninas dentro da sala de aula, para isso,  enviaram os nerds  à sala da coordenação de disciplina para pegar uma cópia da chave no armário.  Atraíram elas mostrando um vídeo no telefone de Cássio. Ele disse que dera uns amassos na Brenda, a menina mais popular da sala, atrás do prédio do laboratório de ciências. Quando todas estavam agrupadas para ver o vídeo falso, eles saíram e trancaram a porta.  Correram para fora da sala, carregando a sensação de vitória. Enquanto riam do que haviam aprontado, o estrondo tomou conta de todo o andar abaixo  e o fogo foi ocupando todos os cantos inflamáveis. Os meninos viraram urdidura no meio da destruição. As meninas, antes, entretidas procurando no telefone as imagens, correram  para a porta quando ouviram o barulho, não conseguiram abri-la. Foram para as janelas e viram o fogo escalando as paredes. Não tinham ideia de que o pré...