Solitários, casais e até famílias inteiras, filhos levados pela mão de seus pais vestidos com cuidado - as meninas com os cabelos presos num rabo de cavalo apertado e os meninos exibindo um corte de fios ouriçados e endurecidos de gel - invadem a recepção iluminada com luz fluorescente e paredes gelo. É domingo ensolarado, hora da visita. Os ponteiros do relógio movendo-se num outro ritmo. No saguão do hospital muitos esperam a chamada para atendimento pelo número da senha. O andamento do expediente se arrasta até o meio do dia quando a sala da triagem fica vazia. Nos corredores poucos transitam. Uma mulher aguarda sentada junto a entrada de um dos setores de atendimento. Pensa: As doenças dariam uma trégua na hora do almoço, e os acidentes acometeriam os distraídos ou sem sorte após a sobremesa?
O que dizer dessas pessoas que sentem que não se encaixam nas ações cotidianas? Não conseguem sentir da mesma forma aquilo que os outros sentem em relação a diversão e visão de mundo... São extraterrestres, não são vistos como tal, mas essa sensação lhes habita. Conseguem de forma mimética fazer parte, muitas vezes...
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