tag:blogger.com,1999:blog-57512366261752512992024-02-18T19:11:28.916-08:00Histórias PulsantesMegmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.comBlogger32125tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-81840168103105808262015-10-27T19:23:00.000-07:002017-10-06T11:09:52.285-07:00<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Bromas</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWjApKwTvF66USND4t-OHdXzvTSw1ZQRiCixFVJKXVK89LTi-F5o703w1cAY13tNLddUr72N1qJjv6cVpdTW4FImTTCRmBhevfqdlviKjgKs6ThFQkeZ0iT4-S0NFef32I3zIeRXFRyIR8/s1600/images+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWjApKwTvF66USND4t-OHdXzvTSw1ZQRiCixFVJKXVK89LTi-F5o703w1cAY13tNLddUr72N1qJjv6cVpdTW4FImTTCRmBhevfqdlviKjgKs6ThFQkeZ0iT4-S0NFef32I3zIeRXFRyIR8/s1600/images+%25281%2529.jpg" /></a> Naquela manhã os meninos resolveram trancar as
meninas dentro da sala de aula, para isso, enviaram os nerds à sala da coordenação de disciplina para
pegar uma cópia da chave no armário. Atraíram elas mostrando um vídeo no telefone
de Cássio. Ele disse que dera uns amassos na Brenda, a menina mais popular
da sala, atrás do prédio do laboratório de ciências. Quando todas estavam
agrupadas para ver o vídeo falso, eles saíram e trancaram a porta. Correram para fora da sala, carregando a sensação
de vitória. Enquanto riam do que haviam aprontado, o estrondo tomou conta de todo o andar abaixo e o fogo foi ocupando todos os cantos
inflamáveis. Os meninos
viraram urdidura no meio da destruição. As meninas, antes, entretidas procurando no
telefone as imagens, correram para a
porta quando ouviram o barulho, não conseguiram abri-la. Foram para as janelas
e viram o fogo escalando as paredes. Não tinham ideia de que o prédio estava
quase todo destruído, ficaram só uma sala no térreo e no primeiro andar que
sustentavam aquela em que estavam. A únicas saídas eram as janelas basculantes
com os vidros quebrados pela explosão. Quando conseguiram passar pela abertura
estreita viram que o fogo tomara conta dos andares de baixo e a fumaça
sufocava. Voltaram. Alguém lá fora gritou que os bombeiros estavam chegando. Se
acalmassem. A escola estava sendo evacuada, do outro lado da calçada, depois da
faixa de segurança foram se aglomerando expectadores. As meninas abraçadas
choravam e rezavam para que os meninos voltassem e abrissem a porta já sendo
consumida pelas labaredas. Não desconfiavam que não havia mais nenhum deles
para fazer isso. Claudia ligou para Rômulo. O telefone no silencioso, tocou
dentro da mochila na sala de aula. A fumaça tomou conta de tudo antes que o
fogo chegasse.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifXxXnJzzb2NK0Z-MQ4Mo2OAHh-t0Oba3OSj7VpogKTRDDcFXOrYCgCpN4lutvRvjrAPtu3jpyFF3-E_1y53LDzpWHtmH39sF9mWceQJH-MEiUV2MUKjYRsm9u7Rhx4od212v7lWY3NlTR/s1600/images+%25282%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifXxXnJzzb2NK0Z-MQ4Mo2OAHh-t0Oba3OSj7VpogKTRDDcFXOrYCgCpN4lutvRvjrAPtu3jpyFF3-E_1y53LDzpWHtmH39sF9mWceQJH-MEiUV2MUKjYRsm9u7Rhx4od212v7lWY3NlTR/s1600/images+%25282%2529.jpg" /></a></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWWhQDs5wZI91vUZSYNc4Rf9enAw4M3UpffrYzT8ZfjFL-Vgjex1l0jsmU6-ntZpYUFERnElrevwkeYjwmjjyQu2jCDFVH3dWHu7nkKZlfBrdhUd5mYjEJio6tOKNBnMmNBogRUzUji03H/s1600/images+%25283%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWWhQDs5wZI91vUZSYNc4Rf9enAw4M3UpffrYzT8ZfjFL-Vgjex1l0jsmU6-ntZpYUFERnElrevwkeYjwmjjyQu2jCDFVH3dWHu7nkKZlfBrdhUd5mYjEJio6tOKNBnMmNBogRUzUji03H/s1600/images+%25283%2529.jpg" /></a> Depois de alguns anos, outro prédio foi
construído no mesmo lugar e havia uma sala de aula no lugar da anterior: pintada de branco, assim como o
quadro, classes e cadeiras modernas, mas os alunos, viam
uma sala mobiliada com as velhas classes verdes de fórmica, o quadro negro, o
armário de madeira no fundo da sala e nas janelas de basculantes, cortinas azul
escuro. Acabara, mais uma vez, a aula de história com a professora Agatha, os
meninos num canto reunidos combinavam algo e as meninas ainda sentadas nos seus
lugares desconfiavam ser alguma brincadeira, observavam curiosas tentando
adivinhar o que eles iriam aprontar, mesmo os mais comportados eram convocados
para essas reuniões e eram forçados à cumplicidade. Resistiam aos jogos de
sedução de Cláudia quando se aproximava tentando escutar o assunto discutido.
Rômulo usava de seus talentos para afastá-la, rapaz de corpo atlético e esguio
da natação, abraçava a moça e a levava para longe. Ela ia, gostando da atenção
recebida. Não era à toa que todas as manhãs se dedicava à produção: jeans de
grife, botas brilhantes, cabelos despenteados após o babylise e a maquiagem, destoava das outras mais novas, que optavam pelo jeans, camiseta e sapatilhas ou
tênis. Terminada a reunião um grupo aproximou-se das meninas reunidas na outra
extremidade da sala. Adônis disse:<br />
- Olha só, viralizou na rede uma parada com
a Brenda e o Cássio atrás do laboratório de ciências.<br />
As meninas se entreolharam. Samantha responde: - Duvido que ela ficaria com aquele nerd!<br />
Ele com o
telefone na mão finge procurar o vídeo e depois localizar, entrega o aparelho
para a menina. Imediatamente todas fecharam um circulo em volta de Samantha. Os meninos começaram a sair da sala sem fazer ruído, Rômulo o último da
fila, trancou a porta. Saíram correndo pelo corredor do prédio, coração batendo
forte e a sensação de liberdade.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv1vigOG_8UJMWreX85YN0scaT0AGhmqSkDYu8uY5sDD0swIS7Q0UakkoxwF-gzgyHETz81jmPgeIBWITs5GUtjZZ5LokAT6zJH9d9Rq76FFZIuFSXnAYMUYxdZb2yqApKk5xf39_RK7ZK/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv1vigOG_8UJMWreX85YN0scaT0AGhmqSkDYu8uY5sDD0swIS7Q0UakkoxwF-gzgyHETz81jmPgeIBWITs5GUtjZZ5LokAT6zJH9d9Rq76FFZIuFSXnAYMUYxdZb2yqApKk5xf39_RK7ZK/s1600/images.jpg" /></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn002ts_-JI-JSYcNDRV3HLbbHgRKZQHKG4AnG1XeZEFJB_cQZluDotWwSVaaFq1thnSJWGb6HneKHvAl2-14kBLKKvfzvMhmLTHcpQ0aj4lKztF90ThCelshNtGU1Iakl3xJwqQ7-zDZX/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-56628063577377207212014-10-18T19:27:00.002-07:002017-10-06T12:09:46.969-07:00Bolha de Calor<br />
<br />
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
</div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWH3MHbjSJySqYY9XSo75XARiy6TlzLCSqeERQYiz1rvtC_sDUkmjb09E2eUggVmmfTUUGGAmQ6qbsjNH4d26mvZANfzxkWxGwQlVHj9hXoI4ITEJZqRxRe0IoKRFkeGlsdfpYRBdHKURA/s1600/imagesAO3N1ZYO.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWH3MHbjSJySqYY9XSo75XARiy6TlzLCSqeERQYiz1rvtC_sDUkmjb09E2eUggVmmfTUUGGAmQ6qbsjNH4d26mvZANfzxkWxGwQlVHj9hXoI4ITEJZqRxRe0IoKRFkeGlsdfpYRBdHKURA/s1600/imagesAO3N1ZYO.jpg" /></a><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
temperatura estava muito alta para a estação, primavera tórrida, sensação
térmica de quarenta e sete graus. A bolha de calor se formara devido ao
fortalecimento do ar seco na atmosfera, caprichos do El niño. A poluição exigia
esforço para respirar. Os olhos lacrimejavam e o nariz ardia. A população da
grande cidade já sofria as conseqüências do número excessivo de veículos nas
ruas. A mobilidade era o problema e o rodízio dos carros nas avenidas a solução
provisória.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>calamidade era iminente, faltava água, há meses não chovia.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8q-gC_qN_qE_DlBaZ1r5JRKK6e62eXSCGlpmqiDKS9_TtQUE9L6rx6KB2gRkrXWa5CIExl2-LFf4TWWJ8VdTBMMznYkv0DIvOR9c1pMAOCZzEIdp8Zfu3C9Y-DPF90ZZTtmB5wH7TTVPW/s1600/imagesRTWGM8IH.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8q-gC_qN_qE_DlBaZ1r5JRKK6e62eXSCGlpmqiDKS9_TtQUE9L6rx6KB2gRkrXWa5CIExl2-LFf4TWWJ8VdTBMMznYkv0DIvOR9c1pMAOCZzEIdp8Zfu3C9Y-DPF90ZZTtmB5wH7TTVPW/s1600/imagesRTWGM8IH.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: "calibri";"> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Até para aqueles que viviam nos subterrâneos
da cidade a seca estava afetando suas vidas e seu habitat já sofria
modificações. A secura já invadia os cantos escondidos pela escuridão. Quando
saiam à noite para caçar, o bafo quente aderia<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>suas peles sensíveis e a fumaça no ar, tornava
o cenário ideal para aqueles que necessitam de discrição, mas com o calor
diminuíram o tempo dedicado a busca de alimentos. Percorriam os lugares nos
quais estavam concentrados maior número de desprotegidos, velhos mendigos,
crianças abandonadas, prostitutas e até viciados. Adotavam a tática da
abordagem relâmpago, tinham facilidade para se deslocarem, eram esguias e na
claridade ficavam invisíveis, devido a pele translúcida. Nos prédios
abandonados, habitados pelos viciados, eram confundidos com fantasmas ou efeito
das substâncias usadas por aqueles que se tornavam vítimas. Seus corpos eram
carregados depois da primeira mordida na jugular, quando sentiam os dentes
penetrando suas partes adormecidas já era tarde. Eram devorados em lugares nos subterrâneos jamais imaginados por qualquer morador dos
espaços urbanos acima. Das poucas vezes em que a vítima era alguém com
residência fixa, emprego ou pertencente a classe média, as investigações
policiais não solucionavam tais desaparecimentos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";"> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os translúcidos eram seres invisíveis, inexistentes e úteis. Eram responsáveis pelo equilíbrio populacional. Tiravam das ruas uma
parcela da população que ninguém queria. Passaram por um processo
de mutação. Foram um dia os desvalidos das ruas, até que decidiram ocupar as
galerias abaixo do nível das edificações da cidade e matar humanos para comer.
E as outras gerações nasceram com características diferenciadas e aos poucos a
pele foi ficando transparente, os olhos sem coloração e a constituição física
longilínea. Acreditavam que eram um <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mecanismo de controle divino.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No passado houve relatos de moradores de
rua sobre homens transparentes surgidos de lugares de acesso as galerias do
subsolo. Ninguém deu crédito a essas histórias.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Foram publicadas em veículos sensacionalistas como texto folclórico.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"> <span style="mso-spacerun: yes;"> Em</span> tempos de escassez e aumento
populacional, as medidas emergenciais eram necessárias e os mecanismos eram criados
pela natureza. Se os translúcidos não sobreviverem a crescente secura
planetária, se não se modificarem mais uma vez, certamente haverá um novo
movimento de acomodação da vida.</span></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDG1dBKUE61tSMkIKF9PQraui9rugUfXaQgmFlOpfOgw1SvtCupwXoH7BkDTWIg6XqMWo83THVp8JtfWVB2wj5lAXMNHx2ZmrTx_bTHpoJHI4tx6ja3MEUfdg5jAeBtLYejYdrijy46PRr/s1600/imagesVCM26AYZ.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="129" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDG1dBKUE61tSMkIKF9PQraui9rugUfXaQgmFlOpfOgw1SvtCupwXoH7BkDTWIg6XqMWo83THVp8JtfWVB2wj5lAXMNHx2ZmrTx_bTHpoJHI4tx6ja3MEUfdg5jAeBtLYejYdrijy46PRr/s1600/imagesVCM26AYZ.jpg" width="320" /></a><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-family: "calibri";"> </span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-family: "calibri";"> </span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZm9Sr75yksBJLN1mjCON6ziTuMO5N2M5EQ0jSfOpP6dDDpjcE02EqCaQTNrpRZWSkfVC2fZhkuE9DCRDxDkn3w7eRiH8YmSGX0VqBErbFROWKBWlLFFZ_gBj6i8ONC1VGC4Yu6xuUwSG3/s1600/imagesCS0UCM6O.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZm9Sr75yksBJLN1mjCON6ziTuMO5N2M5EQ0jSfOpP6dDDpjcE02EqCaQTNrpRZWSkfVC2fZhkuE9DCRDxDkn3w7eRiH8YmSGX0VqBErbFROWKBWlLFFZ_gBj6i8ONC1VGC4Yu6xuUwSG3/s1600/imagesCS0UCM6O.jpg" /></a><span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-family: "calibri";"> </span></span><span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-family: "calibri";"> </span></span><br />
<br />
<br />
<br /></div>
Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-71324279500544032702014-10-18T18:32:00.000-07:002019-05-06T14:24:20.759-07:00Apêndice
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: left;">
<o:p><span style="font-family: "calibri";"> </span></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O que dizer dessas pessoas que sentem que
não se encaixam nas ações cotidianas? Não conseguem sentir da mesma forma
aquilo que os outros sentem em relação a diversão e visão de mundo...</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>São extraterrestres, não são vistos como
tal, mas essa sensação lhes habita. Conseguem de forma mimética fazer parte,
muitas vezes, nem são descobertos, só se declararem ou tiverem qualquer crise
existencial grave.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"> Transitam pelos shoppings, parques,
supermercados e clínicas psiquiátricas( porque alguém constatou que só esses
especialistas conseguiriam tratá-los).</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Admiram a praticidade de algumas pessoas
que tomam decisões rápidas, assim como arrumam malas de viagens eficazes, o
necessário e ainda conseguem variar trajes. Não têm<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>dentro de si aquele buraco grande e sem
fundo, cheio de coisas desconhecidas que provocam a sensação de desconforto,
estranhamento, tristeza inerente.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"> Acham que uma boa roupa, um cabelo
arrumado e uma maquiagem podem esconder seus sentimentos profundos. São
muitas vezes amáveis, afetivos e calorosos. Capazes de promover as qualidades
alheias, mas não sabem receber demonstrações de agradecimento ou retribuições.
Isso os amedronta.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"> Preferem observar a atuar. Mesmo quando
interpretam bem ou de forma razoável, fazem isso só por sobrevivência. E quando
se expõem demais passam longos períodos reclusos se auto- abastecendo.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Eles fazem parte de uma outra categoria de
ser humano. Estão em todas as áreas
profissionais, muitos são artistas. Estão por aí,
escondendo sua dor, eles olham todos os dias partes suas a sangrar. São invisíveis para os outros. Nem aqueles que se parecem, enxergam o apêndice que lateja no semelhante. Eles têm a mania de
desconsiderar o que lhes dói.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Débora era assim. Atriz de um grupo de
teatro amador, vinte anos de idade. Trabalhava como recepcionista num estúdio
de tatuagem para se manter. Não possuía qualquer desenho no corpo ou acessório.
Achava que deveria manter o corpo íntegro para os personagens futuros. O
namorado tatuado dizia que iria vender sua pele quando morresse, o dinheiro
ficaria para ela. Moravam juntos num pequeno apartamento. Muitas vezes, ela
sentia que pareciam mais colegas que dividiam despesas do que um casal
romântico. Ela pretendia morar em outro lugar, cidade maior em que houvesse
mais oportunidades para a sua carreira. Fernando poderia ficar para sempre ali.
Trabalhava<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>no que gostava e sempre
haveria pessoas querendo se tatuar. Uma noite eles se encontraram no Ressaca,
ela olhando para as pessoas que passavam na calçada falou, enquanto Fernando
fazia sinal ao garçom pedindo a cerveja: - Não pretendo ficar por muito tempo aqui.</span></div>
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ele desprevenido respondeu: - Aqui aonde?
No bar ou no bairro?</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"> Débora olhando para um labrador que
urinava no tronco de uma árvore na calçada, respondeu: - nesta cidade. É muito
pequena para os meus planos.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como é que ele nunca soubera daqueles
planos? Sentia-se traído, surpreso.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><br />
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Que planos são esses tão mirabolantes? </span><br />
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Tu sabes que o mercado de trabalho aqui
é quase inexistente - disse Débora.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Mas existem muitos tatuadores e tu não
ficaria sem emprego.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Fernando, eu tô falando da minha
carreira de atriz - disse irritada.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Mas eu sempre pensei que era apenas um
lazer, terapia, sei lá...</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Então tu achas que eu tô tentando
vestibular para teatro há dois anos, só de brincadeira? </span><br />
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Achei que era só um entusiasmo - respondeu Fernando com a sensação de que as coisas poderiam ser mais sérias do
que imaginara.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não tocaram mais no assunto nas semanas
seguintes, mas ele sempre lembrava da frase que ela dissera ao encerrar a
conversa – Iria agarrar a primeira oportunidade que surgisse.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quando a empresa promotora de eventos
anunciou a contratação de atores para um filme, Débora fez a
inscrição, assim como todos os colegas do teatro amador. Fez o teste e não
contou para Fernando. Contaria se o resultado fosse positivo. Esperou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>duas semanas para saber que ela e um colega
foram selecionados. Começariam as filmagens no mês <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>seguinte em outro país. Ao saber da novidade
ela não conseguiu gritar, pular, correr ou gargalhar como muitos fazem. Ficou
pensando se aquilo era realmente o que queria, o pânico começou a se instalar, mas
foi aos poucos se acalmando ao lembrar que a vida estava conduzindo tudo
aquilo. Marcou um encontro com Fernando no Ressaca, ele gostava do bife à
parmegiana de lá, o jantar seria uma despedida, ao menos, do seu trabalho e
moradia. Contou a ele os últimos acontecimentos com algum cuidado. </span><br />
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fernando escutou sem demonstrar reação.
Por dentro estava confuso e desapontado.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"> Débora viajaria no final daquela semana,
combinara a volta assim que pudesse. O país era próximo do Brasil, eles
poderiam se encontrar. Ele achou que ela estava saindo de sua vida. Não
pretendia morar em outro lugar caso ela se arranjasse em outro estado ou país.
Sua vida era ali no bairro boêmio vivendo das tatuagens.</span><br />
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Débora foi e não voltou a morar mais na
pequena cidade, trocou-a por uma metrópole. Passou a conviver com as pessoas do cenário artístico. Nenhum entendia quando falava naquele vazio que o sucesso não preencheu. </span><br />
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fernando sentia falta de Débora. Pararam
de conversar, por causa de várias desculpas. Decidiu permanecer <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sozinho, com relações
esporádicas.
Achava que um dia ela cansaria da vida que a levara dali. Assim
poderiam envelhecerem juntos.</span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
</div>
Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-48259432674100816112013-09-04T15:29:00.001-07:002013-09-04T16:15:37.420-07:00Ratoeiras<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-family: Calibri;">
</span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-family: Calibri;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK6zD_-MH_9GsKGltPyqlWs3_WO7FQ2ktSlPIMYYYDw9ubFIQ1dc94bdIx-tcIotOLyQVoXQVS2YpwTBB3D61OjUcUqBb-hVC6XfzHAsKYdqjMVAn829n39EDEL4bSQXxHHcwUulXXL59C/s1600/rato+nojento.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK6zD_-MH_9GsKGltPyqlWs3_WO7FQ2ktSlPIMYYYDw9ubFIQ1dc94bdIx-tcIotOLyQVoXQVS2YpwTBB3D61OjUcUqBb-hVC6XfzHAsKYdqjMVAn829n39EDEL4bSQXxHHcwUulXXL59C/s1600/rato+nojento.jpg" /></a></span></span></div>
<span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-family: Calibri;"> </span></span><br />
<span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-family: Calibri;"> </span></span><br />
<br /></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-family: Times New Roman;"> </span> </span>Malaquias desce apressado a alameda. Está
decidido, não irá repetir mais o erro cometido em tantos anos. Pela última vez
informará a Joel sua resolução. Este dirá tratar-se de uma situação sem saída,
mas não o impedirá. Haviam perdido o controle das coisas, a desestruturação
fazia parte do cotidiano.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgC-Of3RncM38Hch2guAl-oqZOZm1Vc6G8Y9h5_gebIC5z7ihY16QdesHp6Vp6aa1VPBuXJafYz_w5nJ-N9gmBiAv2uNqxEwWf77G0JA3UFRMFvkpohbOvgOmiRQ6M3rnLuorC3Aj7rYXDS/s1600/ninhada+de+ratos.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgC-Of3RncM38Hch2guAl-oqZOZm1Vc6G8Y9h5_gebIC5z7ihY16QdesHp6Vp6aa1VPBuXJafYz_w5nJ-N9gmBiAv2uNqxEwWf77G0JA3UFRMFvkpohbOvgOmiRQ6M3rnLuorC3Aj7rYXDS/s1600/ninhada+de+ratos.jpg" /></a><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;"> </span>Tudo começou com o aumento populacional,
incentivado pelo mito da existência de muitas áreas desabitadas. Em poucos anos
as fronteiras foram derrubadas e institui-se o estado de guerrilha. Nas cidades
decadentes, os bandos urbanos disputavam espaços para praticar jogos de
extermínio. Os donos dos antigos oligopólios e os ditadores das regras sociais
construíram o último ônibus espacial. Zarparam nele. Os apenas influentes,
feudalizaram-se em propriedades campestres ou litorâneas, mas as multidões
surgiram nos lugares mais remotos do planeta. Quando a água<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e o ar ficaram totalmente contaminados,
pareceu impossível suportar, muitos sucumbiram. Para outros foi o início da
transmutação. Alguns conseguiram se <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>enclausurar
nos andares mais altos dos prédios ainda existentes. Quando iam em busca de
alimentos tinham as defesas diminuídas. As poucas áreas de plantio eram
destinadas a subsistência daqueles que conseguiam defendê-las. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Malaquias só conhece este mundo. Vive dizendo
ter ouvido falar das transformações. Ocorreram em menos de um século: - antigamente
os alimentos eram comprados numa espécie de depósito onde ficavam expostos. As
pessoas entravam e escolhiam, trocavam por tiras de papel ou escudos metálicos.
Muitos não entendiam como ele sabia desses fatos e porque sempre tomava
atitudes suicidas. Estava sempre espreitando os bandos urbanos ou andarilhos
inconscientes para caçar e matar a fome. Continuar sobrevivendo era o grande
desafio, uma espécie de aventura. Cansara daquilo e resolvera acabar com tudo
de uma só vez, encontrar uma morte limpa e rápida. O que era difícil naquela
época. </span></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAnsh3o97aRt-Iwn9KJUUZaGZatjiJ5phqpnrbUJUNz0KYyO1ZqrVB48hHG9mOIJkTdrzQS_z6kMA8JhILjkW_F64mxQowPCiKqJ71Tur3c4-tqVZFdts0hAaL1zy-CYR618LKY4BUuJRm/s1600/rato+branco.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAnsh3o97aRt-Iwn9KJUUZaGZatjiJ5phqpnrbUJUNz0KYyO1ZqrVB48hHG9mOIJkTdrzQS_z6kMA8JhILjkW_F64mxQowPCiKqJ71Tur3c4-tqVZFdts0hAaL1zy-CYR618LKY4BUuJRm/s1600/rato+branco.jpg" /></a><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Joel é o único amigo de Malaquias e um dos
últimos membros do seu clã. Crê nas suas histórias e entende sua rebeldia.
Quando começa a fazer presságios todos param para escutar. Querem acreditar em
dias melhores e no presente transitório. Aquele era o tempo dos ajustes e
redefinição do movimento das engrenagens. Agiam feito ratos desviando de
armadilhas montadas.</span></div>
Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-14729783497452447182013-03-24T12:32:00.000-07:002013-04-20T10:40:24.166-07:00<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>A </b><b><span style="line-height: 115%;">casa calada<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">
</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;">Depois
de um ano vivendo ali, a mulher percebera que havia sentimentos escondidos
atrás da pintura das paredes. Os arranjos de rosas artificiais e o quadro com
as begonhas murchas deixados pela outra mulher não foram suficientes para
convencê-la da existência de tanto pesar amordaçado. Quando ela chorava sem
saber o motivo achava que eram as suas agruras não identificadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;"> Um dia soube que a casa sangrava de dor,
que lamentava uma perda e tornava infelizes seus novos moradores. Viu o
vermelho sangue borrando a tinta pastel da parede da sala e que as flores
presentes no ambiente poderiam servir para um lindo arranjo fúnebre. Estavam
mortas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;"> Restava saber quanto tempo os sobreviventes
conseguiriam viver nela. O homem e a mulher sensitiva. Ela começara a conhecer
a casa silenciosa, ali não havia estalidos noturnos. Não sabia o tipo de
conexão que tinham, sentia o passado daquele lugar, as mágoas vividas pela
outra, apertavam o seu peito. O medo lhe acometia em horas inesperadas do dia
ou da noite quando acordava molhada de suor. Olhava ao redor as paredes
escondidas na penumbra e tudo se mostrava sem culpa, então rezava por ela e a
casa. O lugar a absorvia e dividia com ela sua melancolia e a mulher foi se
acomodando com a situação. No início se agitara, acendera incensos perfumados,
colocara música na vitrola para impregná-la de felicidade. Com o tempo foi
aprendendo a condição da casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;"> Havia muitas palavras e sentimentos
vivos presos nas paredes, tetos e chão. Eram oportunistas esperavam pelas
insatisfações diárias trazidas pelos habitantes do lugar, para como adesivos,
colarem em seus corpos desprovidos e ficarem lá, até serem vistos, se não, iam
formando carapaças muito resistentes em vários pontos vitais, sugando a energia
rapidamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;"> Nas noites em que acordava assustada,
molhada de suor, no cenário inocente, pensava se a casa já sabia dos seus
sentimentos e se os transmitiria para a próxima mulher que moraria nela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-80622288088927216282012-01-28T11:33:00.000-08:002014-10-19T20:06:15.462-07:00<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;">Adoradores de túmulos<o:p></o:p></span></b></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg2CJ4in4tKdjYzBgNemoErffNy4s3ZbJW2ybRsmqhPRXZt2x_4_nZARhyphenhyphend-cwpAAIQ5pv35ZAjRw-kVZ0offiHk9vygFXz1S4t9PdDXDJOMKcxKYIEN3o1G347LwKxmoSM567FziFzQf_/s1600/imagens+goticas+-+Felippa.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg2CJ4in4tKdjYzBgNemoErffNy4s3ZbJW2ybRsmqhPRXZt2x_4_nZARhyphenhyphend-cwpAAIQ5pv35ZAjRw-kVZ0offiHk9vygFXz1S4t9PdDXDJOMKcxKYIEN3o1G347LwKxmoSM567FziFzQf_/s1600/imagens+goticas+-+Felippa.png" /></a><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></b><span style="font-family: Calibri;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></b>Eles adoravam artistas
que se tornaram famosos por causa do seu talento e estilo de vida,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>eram mitos mortos, foram enterrados em
lugares e épocas diferentes, homens e mulheres. Os adoradores eram um grupo
também misto no que se refere ao gênero, mas as idades eram próximas e tenras. Achavam
que eram viajantes do passado que encontraram uma brecha no tempo que os trouxe
para o futuro, eram nostálgicos, gostavam de roupas antigas e da época do
romantismo literário. Não se consideravam góticos,mas gostavam de visitar
cemitérios e <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>realizar saraus noturnos,
como não podiam ir ao túmulo de cada ídolo, faziam suas homenagens em qualquer
“campo santo” evocando personagens finadas. Cultuavam Álvares de Azevedo, Janis
Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison e Amy Winehouse, não parecia haver critério
na classificação, apenas seguiam suas emoções. Não elegeram Kurt Cobain, porque
a votação não foi unânime, alguns acharam que faltou a ele um discurso
coerente, um pouco mais de clareza e carisma. O fato era que pareciam a todos,
inclusive aos seus familiares, pessoas assustadoras e perturbadas. Eram pálidos
em plena adolescência, não comiam carne, eram adeptos da frugalidade regada a
vinho.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vistos como bêbados perdidos,
obsessivos e delirantes ironicamente, conseguiam acompanhar seus estudos
escolares e eram até brilhantes, além da literatura.</span><br />
<span style="font-family: Calibri;"> Felippa era bela como uma pintura
renascentista, a pele alva como a das
mulheres contadas nas noites da taverna, o cabelo pintado de preto azulado e a
boca no tom nude. Não valorizava só a estética, a superficialidade das coisas e
pessoas, preferia a intenção, o conteúdo. Tirava notas altas de forma protocolar. Achava os professores
desinteressantes. Gostava das noites de lua minguante, de andar pelas calçadas
desertas e da reação que provocava em algum transeunte solitário tarde da
noite. Conheceu Maria quando resolveu uma noite pular o muro do cemitério, viu
a outra tentando ler as inscrições de uma lápide, pensou que fosse uma aparição
e ficou feliz por finalmente ver uma. A decepção veio quando Maria sem jeito se desculpou achando que estava olhando
o túmulo de algum familiar da outra. Quando o mal entendido se desfez
perceberam sua afinidade, sem marcar encontros, passaram a se ver, depois de
longas conversas sobre escritores, começaram a levar os livros, depois as velas
para poderem enxergar os textos que liam para os mortos e a lua. Uma noite
encontraram Byron, Ricardo, Lúcio e Beatriz. Estavam fazendo um sarau. Havia
uma toalha estendida numa das construções planas do lugar, com frutas,
pão,Queijo e vinho. Convidaram as duas
para participar e assim começou a amizade. Se alguém não soubesse dessa
história, diria que eles se conheciam há muito tempo, porque combinavam, eram
amigos de outras épocas. Byron era o
mais revoltado dos quatro personagens encontrados, falava de forma irônica, num
tom acido e não tinha paciência com equívocos, incertezas, mesmo que estivesse
errado, afirmava com veemência e em voz alta, quase amedrontadora. Ele usava
roupas do século XVIII, além da calça e
capa pretos, vestia a camisa branca e o colete bordado como um fino brocado.
Ricardo e Lúcio pareciam simpatizar com a década de setenta vestiam jeans
rasgados e camisetas escuras, eram afáveis de modos diferentes. Beatriz era
misteriosa, falava </span><span style="font-family: Calibri;">pouco, observava muito, mas seus olhos sempre diziam tudo. Os cabelos
lustrosos como crina de cavalo e a pele num matiz marrom escuro, parecia uma
indígena lendária, vestida à la Joplin. </span></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilQQqe6_Xbg3ZWD2l3wISf8ZWFeMKNeSucEN7B5jTq7fM3saoNEeepiCBk9K1h9a0NNG0MhBR3yC5uhJH3tGvTAvd6d4cbljYIphSefIQ-x5ocEYC0Uix_gN_G9KkyNafJYVRY_eQcK9Xa/s1600/g%C3%B3tica05.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilQQqe6_Xbg3ZWD2l3wISf8ZWFeMKNeSucEN7B5jTq7fM3saoNEeepiCBk9K1h9a0NNG0MhBR3yC5uhJH3tGvTAvd6d4cbljYIphSefIQ-x5ocEYC0Uix_gN_G9KkyNafJYVRY_eQcK9Xa/s1600/g%C3%B3tica05.jpg" /></a><span style="font-family: Calibri;"> Fellipa e Maria sentaram-se no chão junto
aos outros e serviram-se das comidas da mesa improvisada, tomaram o vinho
saboroso e sentiram-se em casa. Sabiam que aquele modo de viver não era uma
fase de suas existências, continuariam estranhos na velhice se vivessem até lá.
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sofriam do mesmo mal, a melancolia, que
é a necessidade que o espírito tem de se libertar do corpo que o mantém
prisioneiro. Deixariam aquele corpo mais de uma vez e vestiriam outros, em
moldes folgados ou justos. Era condição do ser.</span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaJ4EcvASugS-MzZ1_Mq5wMaV-NIZHNjtWZBVhjfjp9e91dpuh_EMbzGTuznrfiTIvcyr7bVhPpw8p1Q5pYRnkNXlT5MT-JEWvNfp2CnO5cGFLAeS6q_RYDdyGrMI5iEmbKBPB03Sa5TDg/s1600/g%C3%B3tica06.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaJ4EcvASugS-MzZ1_Mq5wMaV-NIZHNjtWZBVhjfjp9e91dpuh_EMbzGTuznrfiTIvcyr7bVhPpw8p1Q5pYRnkNXlT5MT-JEWvNfp2CnO5cGFLAeS6q_RYDdyGrMI5iEmbKBPB03Sa5TDg/s1600/g%C3%B3tica06.jpg" /></a><br />
<br />
<br />
<span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-family: Calibri;"> </span></span></div>
Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-2715126203459979332011-12-12T17:13:00.000-08:002011-12-12T17:13:36.327-08:00<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;">Reveses</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O mais velho apanhava e não reagia, usava
os braços como escudo, o mais novo e mais forte batia sem demonstrar remorso.
Os transeuntes paravam para olhar, os motoristas de táxi <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>faziam uma espécie de torcida organizada, se
animavam e quase apostaram quando o mais velho pegou uma pedra para atirar no
outro. Na rua estreita do centro da cidade, existiam garagens e terminais de
ônibus. Os que passavam ficavam revoltados ao ver o mais velho apanhando, não
imaginavam<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o início daquela história.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tudo começou na época em que Mirtes chegou
na cidade em busca de emprego, deixara o filho pequeno na cidade do interior
com a mãe e o irmão caçula. Veio com a recomendação feita num bilhete
manuscrito pela dona da farmácia, enviado para a irmã que morava na cidade
grande e precisava de uma doméstica. O endereço, anotado no mesmo papel da
apresentação, amassado e úmido do suor na mão aflita. Ao descer na rodoviária
sem saber para onde seguir teve a sorte de encontrar Ovídio, muito prestativo,
se ofereceu para ajudá-la, generoso, pagou um lanche apesar de sua recusa,
antes de pegarem o ônibus que os levaria ao endereço escrito no pedaço de
folha. Mirtes era uma jovem mulher, não chegara aos trinta anos,os cabelos
escuros trazia preso no alto da cabeça num “rabo de cavalo” divertido, vestia:
saia e blusa. Levava um casaquinho na mão, prevenida das baixas temperaturas da
primavera. Olhava diretamente nos olhos fugidios de Ovídio cada vez que ele
falava.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Começou a suspeitar de que estava indo
para um lugar bem diferente do descrito no endereço antes de desembarcar. O
bairro de ruas estreitas e prédios antigos, vários deles abandonados, não era
passagem para nenhum condomínio de casas luxuosas. Ao descer do ônibus quis
permanecer no ponto para pegar o próximo, desistiu, puxada com força pelo braço,
acompanhou Ovídio até o prédio quase abandonado. Ele apertou a campainha do
apartamento térreo. A porta foi aberta por uma mocinha, maquiada em excesso, estava
assim aquela hora da tarde, olhou para Mirtes com desdém, quando foi empurrada
para dentro do cubículo. O cômodo era limpo, mas destituído de conforto. Havia
um sofá, uma mesa com duas cadeiras. A cozinha e o banheiro eram reflexo dessa
escassez. Ele não poderia prendê-la para sempre – pensou Mirtes. Quando todos
fossem dormir ela fugiria. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Naquela noite teve que acompanhá-lo e para
isso colocou sua melhor roupa. Não reclamou, esperaria uma oportunidade. Foram
a um bar freqüentado por homens. Ambiente pouco iluminado, fumaça no ar, balcão
e mesas ensebados. Conheceu Jair, cabelos crespos e loiros, lábios finos,
dentes escondidos pelo sorriso. Deitou-se com ele e em troca recebeu dinheiro,
metade foi para Ovídio. E assim foram mais três homens naquela noite. De manhã
estava muito cansada para fugir. Com o tempo começou a mandar dinheiro para
casa dentro de cartas nas quais contava poucos detalhes de sua vida: não
aceitara o emprego, arranjara outro, no atual era quase autônoma. Conhecera um
homem. O seu trabalho foi descoberto por um conterrâneo interessado em conhecer
a zona do meretrício da cidade grande, a reconheceu e contou para uns e a
notícia se espalhou na sua cidadezinha.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sávio viera para a capital procurar a irmã
e tirar satisfações, matar aquele cafetão se fosse necessário, perseguiu o homem
até a rua dos táxis, próxima a rodoviária. Não voltaria para casa de mãos
limpas. </span></div>Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-75082406975731502012011-08-16T04:55:00.000-07:002011-10-24T18:55:57.644-07:00<br />
A DONA DO CEMITÉRIO
<br />
Pequena história juvenil
<br />
Esta história é sobre Teca e Lino. Eles resolveram pregar um susto na sua turma de amigos no dia do Halloween. Todos moravam no mesmo bairro numa rua cheia de árvores muito antigas, altas e assustadoras à noite. Sabiam muito bem disso quando resolviam andar de bicicleta quando escurecia. A mais medrosa era a Paulinha ,porque era a menor, Teca e Lino eram valentes e metidos a inteligente, Samanta e greg gostavam de aventuras e sensação de perigo, mas o máximo que faziam era andar de bicicleta de noite e ir a toda a velocidade e travar bem na beira de um barranco que existia no final da rua, se caíssem de lá, certamente ficariam super esfolados e podiam até quebrar a cabeça oca: – dizia Paulinha.
<br />
Uma semana antes da festa das bruxas que eles comemoravam como os americanos, se vestindo de monstros e passando nas casas da rua falando: - doçuras ou travessuras e ganhando um monte de doces sempre. Teca teve uma idéia para mudar um pouco a noite do halloween que para eles já era uma sensação. Havia um cemitério próximo a rua em que moravam, depois do barranco. Lá morava uma mulher que cuidava do lugar. Teca propôs a Lino: - Que tal irmos até lá pedirmos doçuras? Ele se arrepiou com a idéia ,mas não quis demonstrar para uma menina. Achava que aquela mulher que ninguém via durante o dia, só a noite, era uma alma penada. Teca disse mais: - vamos colocar no roteiro de casas a visitar a casa da zeladora do cemitério, vai ser muito emocionante. Eu vou lá falar com ela antes do dia e tu vai comigo certo? Assim preparamos tudo com bastante antecedência. Lino arregalou o olhos imaginando tudo aquilo, ir na casa da mulher fantasma, falar com ela, provavelmente teriam que ir de noitezinha... ficou em pânico, mas não iria "arregar" para aquela guria.
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No outro dia às seis horas da tarde Teca apertou a campanhia da casa do Lino, ele sabia que era ela e ficou fazendo de conta que não escutou o som da porta, até que sua mãe gritou: - Lino vá atender a porta. Ele foi arrastando os pés e puxou a porta que parecia ter ficado muito pesada. Teca entrou sem ser convidada dizendo que esperariam mais um tempo, porque ainda não tinha escurecido. Que tal se andassem um pouco de bicicleta e depois iriam lá. Ele concordou pensando que aquela guria só podia ser meio louca, mas ele não ia dar uma de medroso perto dela. Até a bike parecia mais pesada quando carregou para a rua. Samanta, greg e Paulinha chegavam na frente da casa de Lino com suas bikes e todos resolveram dar umas voltas. Teca combinou de despistá-los quando fossem executar a missão. Lino balançou a cabeça concordando. Achava que estava parecendo um zumbi, sem vontade própria.
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Fizeram várias voltas até despistarem os outros e quando chegaram perto do barranco desceram das bicicletas e deixaram ali, seguiram à pé até o lugar pouco iluminado. Viam luz na casinha, mas antes de chegarem lá tinham que passar entre os túmulos do pequeno cemitério. Lino já estava dando meia volta quando teca puxou seu braço. Ele virou rápido porque não sabia se era mesmo ela naquela escuridão. Ela começou a andar levando ele pelo braço. Disse: - não tenha medo, mas aquela voz não parecia com a dela e aquela mão estava muito gelada. Lino começou a tremer sem parar e a voz repetiu: - Não tenha medo. Quis se soltar mas a mão parecia de aço e apertava muito forte.
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Chegaram na frente da casinha e a porta abriu antes que batessem, Lino não tinha coragem de olhar para a amiga. A casa estava vazia, sem se quer um móvel. Ouviram passos que vinham dos fundos da casa, havia um barulho que parecia um chiado. Os passos entraram na casa. Lino ficou congelado e achava que Teca estava possuída, portanto, ele estava frito. Viram o vulto preto meio luminoso aparecer na sala, antes das luzes apagarem, depois conseguiram ver só a figura fosforescente andando na sua direção. Foi quando Lino descongelou e Teca se despossuiu, porque eles correram tanto que nem lembraram das bicicletas quando passaram pelo barranco. Não olhavam para trás, mas sentiam que algo os perseguia, não por terra, havia um espectro luminoso no ar.Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-33468844454899571672011-04-12T11:58:00.000-07:002011-07-04T09:49:42.465-07:00Pacotes mal embrulhados<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinS_5TitlNFD-DURZ6AnHnzkEyzfFM1q2l_bMfPQobOHon0kVHcxb9fA2NWtX8fa2LM9KIAdYJ4LJyiQ0shnWFLEmqpzzOfUCe7EuQSauURd_HcaKG0pTBcdLIJKi_bXjijaRGQ8czld5W/s1600/62_852-sp-mendigos.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinS_5TitlNFD-DURZ6AnHnzkEyzfFM1q2l_bMfPQobOHon0kVHcxb9fA2NWtX8fa2LM9KIAdYJ4LJyiQ0shnWFLEmqpzzOfUCe7EuQSauURd_HcaKG0pTBcdLIJKi_bXjijaRGQ8czld5W/s320/62_852-sp-mendigos.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5624205238916711554" /></a><br />Eram sete embaixo da marquise, dispostos em seqüência, da direita para a esquerda, dependendo da direção em que viesse o observador. Surgiram ali de um dia para outro, na rua lateral ao terminal dos ônibus. Havia harmonia entre a disposição deles e o cenário urbano, mas ninguém se dava ao trabalho de fazer qualquer comentário sobre a estética dos embrulhos. O vento do outono perpassava pelas frestas nas partes em que o invólucro não cobria o conteúdo imóvel. Eram quase todos do mesmo tamanho, frágeis, enrolados em texturas de vários matizes e era isto que os diferenciava. As cores mais fortes não os tornavam mais atraentes, talvez porque fossem sujos e exalassem mal cheiro. Eram invisíveis para a maioria, sumidos na paisagem, desconsiderados. Nos dias mais frios escasseavam nos lugares abertos, eram vistos nos abrigos da cidade: viadutos, pontes e prédios abandonados.Dentro dos pacotes havia seres, tinham vida própria, perambulavam pelas ruas a procura de alimentos, balbuciavam algumas palavras, talvez uma espécie de treino para não perder a habilidade da fala, e voltavam a dormir em seus casulos. Conscientes da finitude da vida. Não acreditavam em final feliz, sabiam que a história poderia acabar no meio da esperança. O ideal para todos seria que aquelas perversas instalações compostas pelo destino não surgissem cada vez mais em tantos lugares, a cada dia. Ninguém estava livre de acabar naquela condição, quem poderia garantir o contrário, de repente um desvio de caminho, falta de planejamento ou excesso de confiança na sorte. Em pouco tempo serão legiões que não se contentarão mais em ficar anestesiados dentro de invólucros desleixados.Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-88876069608928709602010-04-06T10:17:00.001-07:002013-09-04T13:48:02.919-07:00Ensaio sobre um lugar<link href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CUSERBI%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml" rel="File-List"></link><style> <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:Calibri; mso-font-alt:"Century Gothic"; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1073750139 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin-top:0cm; margin-right:0cm; margin-bottom:10.0pt; margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:Calibri; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-language:EN-US;} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} </style> <br />
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Bairro com ruas arborizadas e enorme população canina, talvez com igual índice da felina, mas os gatos se expõem menos, não saindo com os seus donos para passear. Sobrados antigos se impondo no meio das construções novas e frágeis. Nos bares, estudantes e aspirantes a artista. Nas ruas mais antigas, na parte mais baixa da cidade, persistem os templos nos quais são realizados os rituais da época do neolítico. O som dos tambores reverbera nos pequenos becos. Museus enterrados debaixo de passeios revestidos, além da construção em estilo colonial português pertencente a uma antiga chácara.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizxtMABDBz28wRGXKezbFDy5sqj2ikTjGshGhmYB4Hfsk5dAo5edhKwRdXKy1ydun6IjJObShwTdnZZaHuF40bCtGg1h1nZpakh4aVwceV8ycLOjzWqSnaYdFcDGdldWW6ccqMzbp4_puR/s1600/museu+joaquim+jos%C3%A9+Felizardo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="178" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizxtMABDBz28wRGXKezbFDy5sqj2ikTjGshGhmYB4Hfsk5dAo5edhKwRdXKy1ydun6IjJObShwTdnZZaHuF40bCtGg1h1nZpakh4aVwceV8ycLOjzWqSnaYdFcDGdldWW6ccqMzbp4_puR/s320/museu+joaquim+jos%C3%A9+Felizardo.jpg" width="320" /></a> Junkies, mendigos e catadores de lixo reciclável se misturam aos passantes. Relatos de autobiografias em mesas dispostas no espaço das calçadas ensolaradas protegidas por lona de plástico colorida, motivados por copos gelados de cerveja pedida no bar próximo a esquina da rua que homenageia um fato histórico. Em cada narrativa há um pedaço de ficção, mas existe liberdade para isso e cada um compõe a sua lenda: Algumas vidas do interior seguiram a rota clichê para um pedaço desta pequena capital, constituíram família e os sonhos juvenis foram transformados em obras possíveis, abandonados na sua essência, numa dobra do tempo.</div>
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Neste lugar parece haver espaço para possibilidades alternativas, tentativas de aproximação do novo, original ou nunca visto. Inocência transgressora: Meninos vestidos de preto e olhos pintados beijam-se nas esquinas ou em frente ao supermercado, lugar de fachada despretensiosa, ambiente conservador, talvez porque o ato de comer seja anterior a regra social.</div>
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A urbanização não destruiu o passado representado pelas ocupações primeiras, motivo da tradição cultural, que estimula aqueles que vivem do trabalho de transformação do intangível em alguma forma de tradução do seu espaço-tempo.</div>
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É para esse bairro que todos os dias viaja o professor de história, não se trata de uma viagem, ele encara como se fosse, por causa da distância, têm que pegar dois ônibus, porque mora num lugar mais afastado considerado área rural. Ele trabalha no museu, gosta da enorme casa antiga construída no século XIX. As paredes pintadas de branco e as janelas verdes tornam o lugar aconchegante e o jardim composto pela árvore velha e a grama rala traziam lembranças da infância. Achou que não iria trabalhar ali durante muito tempo quando foi transferido da biblioteca pública. Lá havia movimento de pessoas e ele se sentia mais útil. No museu, o acervo era de fotografias e não havia muita procura. Numa tarde muito quente ao sair para fora da casa e se </div>
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encaminhar para uma construção corroída pelo tempo, coberta por trepadeira que substituía o telhado, antiga senzala, teve uma grande surpresa. Encontrou um atalho entre passado e presente, apesar do fascínio que sentia, o medo de estar perdendo a noção de realidade fez com duvidasse de sua visão.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbxpp-Uwma6wfncU9JVOqX1Mt4UerECZMyndYTaRrYDrIRJ-zP9oY6Lnie0k7Mp5pxpQbgiWPqj8-lCGDgwW2P2HAB7Exui4DRewVYt8U2-eRFpTmzhLlEOqdp9HHrUA3HKdcHoqlRuWO5/s1600/Paisagem+da+Cidade+Baixa.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a></div>
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Usava uma roupa clara de algodão, calças curtas, pés descalços, cabeça coberta por uma espécie de burca. Quem seria aquele personagem vestido com roupas ultrapassadas e artefato feminino? Fechou os olhos para ver se a imagem se dissipava. Quando abriu os olhos outra vez, não havia mais nada além da vegetação crescida entre os pilares e paredes da ruína. Poderia ter sido insolação, se tivesse estado no sol durante muito tempo, mas estavam no outono e a temperatura mais amena. Quem sabe um </span><span style="text-align: justify;"> </span><span style="text-align: justify;">trabalhador vestido daquela forma? Alguém meio excêntrico. Deveria haver uma explicação racional. Os dias se passaram e não voltou mais na ruína procurou se ocupar com o trabalho e parou de pensar no ocorrido. Numa tarde de tempestade, enquanto aguardava a chuva diminuir para poder ir embora, parou numa das janelas que dava para os fundos do terreno do museu, olhou distraído o resto de construção e levou algum tempo para elaborar aquilo que via – uma criança vestida com calças curtas, camisa branca e colete – uma vestimenta do passado, esperava fora da senzala. Olhava para o chão enquanto desenhava um circulo. Não chovia nela, juraria que a sombra de sua cabeça se projetava no chão. Ao piscar no momento em que um relâmpago quase atravessava o vidro da janela, perdeu a imagem e mais uma vez duvidou dos seus sentidos. Alguns meses se passaram até que resolvesse ter coragem de se aproximar do lugar. Era início de verão. Caminhou decidido pelo passeio de chão batido. Parou na frente da parede inexistente, olhou para dentro do lugar ocupado pela natureza e viu no seu interior um outro tempo. A estrutura revestida de paredes sólidas, com pouca luminosidade por causa das janelas pequenas. Pessoas andavam entre um cômodo e outro. Viu o homem da burca </span><span style="text-align: justify;"> </span><span style="text-align: justify;">sentado fumando um cachimbo ao lado de um fogão a lenha, havia uma mulher jovem ao seu lado. Fora da senzala o menino continuava fazendo um circulo no chão e outro menino que parecia ser um empregado, observava o desenho a ser configurado. Parecia que estava vendo um filme sem projetor, sentia-se um expectador, até o momento em que os olhares de todos </span><span style="text-align: justify;"> </span><span style="text-align: justify;">voltaram-se para ele.</span>Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-84615663871577202782009-11-18T13:15:00.000-08:002009-11-19T08:42:52.868-08:00Emergências<div align="justify">Solitários, casais e até <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">famílias</span> inteiras, filhos levados pela mão de seus pais vestidos com cuidado - as meninas com os cabelos presos num rabo de cavalo apertado e os meninos exibindo um corte de fios <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">ouriçados</span> e endurecidos de gel - invadem a recepção iluminada com luz <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-error">fluorescente</span> e paredes gelo. É domingo ensolarado, hora da visita. Os ponteiros do relógio movendo-se num outro <span id="SPELLING_ERROR_3" class="blsp-spelling-error">ritmo</span>. No <span id="SPELLING_ERROR_4" class="blsp-spelling-error">saguão</span> do hospital muitos esperam a chamada para atendimento pelo número da senha. O andamento do expediente se arrasta até o meio do dia quando a sala da <span id="SPELLING_ERROR_5" class="blsp-spelling-error">triagem</span> fica vazia. Nos corredores poucos transitam. Uma mulher aguarda sentada junto a entrada de um dos <span id="SPELLING_ERROR_6" class="blsp-spelling-error">setores</span> de atendimento. Pensa: As doenças dariam uma trégua na hora do almoço, e os acidentes acometeriam os <span id="SPELLING_ERROR_7" class="blsp-spelling-error">distraídos</span> ou sem sorte após a sobremesa?</div>Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-25043464551918212092009-09-14T12:36:00.000-07:002009-09-14T12:42:15.108-07:00EssênciaAs calçadas ainda estão molhadas, as pessoas conversam nas portas de suas casas e prédios, enquanto a chuva dá uma trégua. Uma mulher fala animadamente com um homem velho e de voz experiente. No horizonte, o sol quer despontar ainda, no final de tarde. Alguém olha pela janela num espaço entreaberto na cortina. Acabara de acordar, a peça permanece escura. Não conseguira dormir a noite toda, sofria de insônia. Era assim, um ser notívago. Despertara com a barulhada alegre dos pássaros que habitavam o coqueiro antigo próximo a sua janela. Um vento qualquer, um pouco mais forte poderia derrubá-lo. Não saia em noites de chuva, preferia as frias e os dias cinzas e secos. Levanta, apesar das dores nas pernas e braços. Sentia o efeito da última batalha. Vivia das guerras travadas com os transgressores de vida noturna. Não lembrava se tivera uma família e nem tinha pessoas próximas. Um dia, como numa espécie de pesadelo, acordou ali naquela cama no quarto envolto na penumbra. Nunca mais voltou para onde quer que estivesse. Por instinto, soube das suas necessidades de sobrevivência. Na primeira noite fria saiu para caçar pequenos animais roedores, não lhe saciaram a fome. Foi quando começou a matar aqueles que viviam nas esquinas e becos escuros, escondidos por algum motivo. Aqueles de quem ninguém reclamaria o desaparecimento. Tinham em comum um histórico de origem duvidoso e incursões na marginalidade. Eram cúmplices. A noite era um tempo no qual sentia pulsar sua única vontade. Os cheiros invadiam seu olfato profundo, ouvia alto o bater do coração de suas vitimas. Rejuvenescia quando absorvia a essência invisível que animava os corpos que se debatiam, antes, de serem mastigados seus órgãos quentes e vibrantes.<br /><blockquote></blockquote>Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-45065840898565023692009-08-18T18:27:00.000-07:002009-08-18T18:31:23.709-07:00Primeiras broméliasPenny fazia o trajeto da escola para casa em vinte minutos, se não parasse para observar as novas plantas surgidas no caminho e admirar as conhecidas árvores frondosas. Havia decidido desde o seu primeiro dia de aula: seria botânica. Há mais de um ano fazia o percurso da casa para a escola sozinha. Não trilhava o caminho ensinado por seu pai, descobrira atalhos e clareiras escondidas entre as árvores do bosque que se aprofundava na paisagem. Existia uma avenida principal e ela deveria seguir o trilho de terra que a margeava – dissera sua mãe, mas Penny adorava descobrir coisas novas e a natureza era algo que a fascinava.<br /> Como a claridade permanecia por mais tempo no verão, conseguia chegar em casa depois do horário das aulas sem levar bronca, no inverno, mesmo saindo mais cedo, não conseguia chegar sem que a noite houvesse se pronunciado. Gostava tanto do bosque que para ela já se tornara um lugar sagrado, várias vezes, levantava da cama bem cedo nas manhãs de sábado para explorar os recantos desconhecidos. Num dia enquanto olhava uma bromélia fixada num canto úmido descoberto por uma nesga de sol, ouviu o barulho de um galho sendo quebrado seguido do som de passos, aquilo fez com que tirasse sua atenção da beleza colorida do novo ser encontrado. Poderia ser um andarilho ou seu pai que encontrara seu esconderijo. Ficou olhando na direção de onde escutara o estalido e nada aconteceu, o vento continuou a balançar de leve as ramagens dos pequenos arbustos. O silêncio instituiu-se durante alguns segundos para em seguida dar lugar a ladainha de um pequeno pássaro respondida por outro pousado num galho próximo. Penny ficou em estado de alerta e o instinto de sobrevivência acionado, não entendia, mas sabia que alguma coisa até então não percebida por ela, fazia parte daquele lugar. Voltou para casa antes dos pais levantarem e resolveu esquecer do fato.<br /> Na semana seguinte saiu um período mais cedo da escola e decidiu, já que o sol parecia tão intenso naquele pedaço verde de paisagem, ficar um pouco por lá, fazer um piquenique com a merenda que não havia comido. Sentou numa pedra aquecida pelo calor do sol e ficou olhando os pequenos seres dali, enquanto comia o sanduíche. As borboletas e os pássaros sobrevoando o espaço, os lagartos saídos das tocas deitados no chão aproveitavam o calor do dia. Desta vez Penny não entrou no bosque, ficou próxima da entrada e avistava dali a estrada. Decidiu ir embora depois de ter esvaziado o pote da merenda. Parou para ver um estranho movimento no interior do bosque e a revoada de aves agitando-se na copa das árvores. O ar morno deu lugar ao vento frio, fazendo os bichos interromperem o banho de sol. <br /> Penny saiu correndo quando ouviu o ruído dos galhos sendo quebrados enquanto o vento ia passando entre os espaços maiores simulando o caminhar humano.Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-85351813813343979492009-07-22T09:45:00.000-07:002009-07-22T10:16:06.252-07:00Pablo's house - parte finalBonnie resolveu aproximar-se do balcão de madeira do bar. Parou ao lado do homem de cabelo grisalho e pediu um refrigerante. Ele fez sinal para um dos funcionários. Ela perguntou se era o gerente, ele meneando a cabeça respondeu: - Não, sou o dono. Apresentaram-se. Ela comentou ter reparado que o nome e o sotaque dele pareciam estrangeiros. Pablo disse ter vindo da Argentina há alguns anos. A moça meio sem jeito, comenta que até então não tivera coragem de ir a um dos toaletes. Ele se oferece para acompanhá-la. Ela saiu do banheiro assustada com o espelho que refletia a imagem distorcida e todas aquelas plantas trepadeiras. Ele percebendo sua reação falou num tom didático – aquele lugar fora pensado para provocar sensação de medo, mas existiam ambientes agradáveis na casa. Caminhou no corredor na direção oposta de onde tinham vindo, Bonnie sentiu-se convidada.<br /> Perséfone conduz Syd ao final do corredor que dava num pequeno jardim. Dalí avistava-se uma grande porta. Era a entrada para a área privativa. Ela diz que ali poderiam conversar longe da agitação. Sentia que estava chegando o grande momento. Ele também parecia necessitar de algo com urgência, vê que carrega no bolso do casaco a dose junto a seringa descartável. Indigna-se ao perceber que o sangue dele está contaminado. Seu pai deveria ter algo para ela. Olha na direção do corredor e vê Pablo acompanhado de uma linda mulher vestida de negro. Ele faz as apresentações. Bonnie reconhece Syd e controla sua vontade de perguntar por Patrícia. Deveria ter ido embora. Pablo vai em direção a porta grande abrindo-a. Bonnie vai atrás dele, observa o ambiente espaçoso, os móveis antigos, as peças de cerâmica em cima deles, o calendário numa das paredes com a representação cíclica do tempo, uma pedra grande e lisa no formato de uma mesa ao fundo, uma caixa de madeira avermelhada cheia de terra e uma urna funerária indígena de cerâmica corrugada. Pablo fala de cada objeto da sala enquanto serve e oferece um cálice de licor a Bonnie. Ela experimenta a bebida e repete sentindo um calor relaxante provocado pelo conteúdo escuro contido no pequeno copo de prata. O lugar frio e misterioso parece-lhe acolhedor e iluminado. O rosto de Pablo vai ficando muito próximo e depois mais distante, num foco oscilante, as imagens perdem a nitidez. Vê Perséfone sentada no chão e Syd ao seu lado. Sente a língua arrastada quando pergunta que tipo de licor é aquele e com a visão turva enxerga o rapaz entornando um cálice gêmeo. Pablo responde que não é licor e sim uma bebida usada em rituais, mas Bonnie não consegue ouvir.<br /> Perséfone ajoelha-se em frente a mesa de pedra e invoca os espíritos da natureza, enquanto Pablo despe Bonnie e coloca seu corpo em cima da plataforma lisa. Ela se debruça sobre a moça, inclina a cabeça e abocanha o pescoço fazendo uma profunda cissura.<br /> Syd dorme. Ficará assim até que esteja limpo para o próximo ritual.Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-55445361179689439392009-07-07T09:55:00.001-07:002022-04-11T12:06:14.209-07:00Pablo's house - VPablo conseguiu aprontar-se em poucos minutos. Chegou na danceteria antes de todos. Organizou os funcionários e deu as últimas instruções. Na hora em que foram abertas as portas, ele estava vestido à rigor. Depois colocou algo mais esportivo e sentou-se no bar como se fosse um dos freqüentadores, não conseguia tirar os olhos da morena de cabelos longos, que na pista de dança, se movia ao ritmo da música oriental, parecendo uma cobra hipnotizadora.
Perséfone saiu de seu apartamento, no centro da cidade, antes das dez horas. Passou em duas casas noturnas por puro hábito. Observou o movimento ainda fraco. Antes das onze horas deveria estar no Pablo’s. Não concordou com o nome quando seu pai lhe revelou. Disse que parecia coisa de aculturado. O argumento dele foi relevante: - Neste pais tudo que está grafado em inglês recebe maior credibilidade. Ela ficou pensando se ele não se incomodava em ter descaracterizado o próprio nome, mas depois pensou que não podiam se dar a esses luxos. Eram apenas sobreviventes. A gerência da casa noturna ficara sob a responsabilidade dela. Passara meses criando os detalhes da decoração do lugar.
Não sabia mais se era vítima da situação que se estabelecera em sua vida desde muito cedo. Tudo começou com a primeira manifestação de maturação de seu corpo. Passou a entrar em contato e absorver uma nova realidade. Os seus sentidos ficaram mais aguçados e o seu contato com a terra mais necessário. Entrou em sintonia com os elementos da natureza e passou a entender que ela se apresentava através de ciclos que resultavam em vida e morte. Ao mesmo tempo em que passou a entender um pouco dos mistérios da existência, sentiu em seu próprio organismo uma debilidade crescente, as forças se esvaiam e nenhum alimento as recuperava. Depois de vários exames médicos e nenhum diagnóstico, seu pai lhe falou em sacrifícios humanos e do seu legado materno. Sua mãe precisava de doses diárias de sangue. Ela não agüentou essa situação que achava ser uma maldição e pediu que a deixasse morrer quando começaram a ser perseguidos na pequena cidade do interior da Argentina da qual fugiram. Ela não suportou a viagem, o frio do inverno e a inanição.Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-50454372355509781472009-07-02T11:50:00.000-07:002022-04-11T12:04:20.573-07:00Pablo's house - IVPatricia viu Syd, assim que ele entrou no Pablo’s house, aproximou-se e convidou-o para dançar. Depois de percorrer alguns lugares na cidade, ele chegara ali, porque um amigo lhe dissera que iria gostar. Sentia necessidade de algo mais forte do que a cerveja oferecida por ela, pediu uma tequila, depois pediu que uma garçonete lhe indicasse o caminho dos banheiros, não gostou quando ela seguiu seus passos. Mas teve que admitir que não encontraria se ela não mostrasse. As luzes do caminho oscilavam e no banheiro olhou seu reflexo distorcido no espelho e sentiu ter perdido a identidade. Aquele lugar era cheio de truques. Olhou para baixo e o piso parecia ondulante,aquilo era real, estava tonto. Molhou os pulsos e esperou passar. Não imaginava quanto tempo ficara ali, quando saiu não viu Patrícia que entrara no toalete feminino. Esbarrou numa moça morena, cabelos curtos e picotados. Ela sorriu e ele pediu desculpas. Olhou para os lados constatando que a outra cansara de esperar. Perséfone apresentou-se e perguntou se ele estava desacompanhado. Ele respondeu: - Sim, surpreso e ficou ainda mais quando ela convidou-o para irem a um lugar mais tranqüilo. Ficava no final do corredor, na direção oposta a da sala de dança. Syd achou tudo aquilo muito interessante.Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-65552575737411942622009-06-23T10:08:00.000-07:002022-04-11T12:03:24.509-07:00Pablo's house - IIIQuando o relógio digital, colocado numa das paredes do bar, zerou, foram abertas as portas da sala e o público que aguardava também fora da casa, começou a entrar. Uma música incidental entoava lamentos e gemidos, num som oscilante, como um mantra. O piso da sala coberto com folhas de árvores parecia áspero como chão de terra, estranhamente, os sapatos deslizavam nele. As paredes estavam cobertas por plantas trepadeiras, algumas pessoas viram lagartixas correrem entre as folhas. A sensação era de que tinham saído e não entrado em algum lugar. No teto da sala estava projetado um céu cinza, as nuvens se movimentando para desabarem em chuva. Alguns ficaram confusos achando que não havia cobertura acima de suas cabeças. A sensação era de expectativa. Parecia que a qualquer momento iria ocorrer algo. O medo foi contagiando a todos e transformando-se em energia, misturada ao som tecno. Muitos passaram a pedir aos garçons, bebidas fortes.
Bonnie dançava e a todo momento olhava para trás. Sentia um arrepio nas costas. Poderia ser o ar gelado que vinha do corredor que levava aos banheiros. Patrícia conhecera um tal de Syd, entraram juntos num dos corredores subterrâneos que levava aos toaletes e não voltaram. O homem grisalho sentado no bar não parava de olhar para ela. Era alto, magro e deveria ter uns cinqüenta anos. Ela impacientava-se com a demora da amiga e a hesitação do homem do bar. Será que aceitaria se o convidasse para dançar? Não iria atrás da amiga naquele corredor sombrio. Não sentia-se a vontade naquele lugar.Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-83038466486728963402009-06-16T10:47:00.000-07:002022-04-11T12:02:55.119-07:00Pablo's house - IIPablo chegou em casa apressado. Deveria retornar ao trabalho em alguns minutos. Tinha tempo para tomar banho e trocar de roupa. Naquele sábado inaugurava sua casa noturna. Planejara durante muitos anos. Custou a achar a casa certa. Esta contava mais de um século de existência e se parecia com a que morara na infância: muitos quartos, passagens secretas e corredores subterrâneos. Transportou todos os móveis e antiguidades de seu pais de origem e mandou construir cenários para a decoração dos ambientes destinados ao público. A outra parte da casa seria privativa e lá colocaria a antiga mobília e os objetos sagrados. Pablo aparentava ter uns cinqüenta anos, O cabelo espesso grisalho parecia precoce. Era magro, alto, determinado e de olhar confiável.
As portas da casa seriam abertas ao público a partir das onze horas da noite. O acesso a sala da pista de dança, seria liberado a meia-noite. O bar era uma espécie de ante-sala. Paredes despretensiosas e claras. O cenário era desprovido de excessos, somente o neon roxo contornando as palavras: Pablo’s bar. Os garçons e garçonetes com olhos delineados de preto vestiam smoking. A vasta sala ao lado seria introduzida através da porta dupla revestida de napa branca. Havia uma eletricidade, um movimento pulsante, como se os objetos e ornamentos dentro dela ansiassem por interagir com as diversas vidas que logo a habitariam por algumas horas, certamente as mais vibrantes.Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-89128842159685585142009-06-10T09:52:00.000-07:002022-04-11T12:02:30.860-07:00PABLO'S HOUSE - IAmanhece, é início de outono, mas as noites ainda estão quentes. Os dias chuvosos deixam de legado uma umidade pegajosa. Atrás do cipreste, a lua desapareceu e o dia se apresenta mais uma vez nublado. O centro da cidade está deserto. É domingo. Seis horas. Em uma hora o sino da catedral soará avisando da primeira missa. Perséfone observa da janela do apartamento a praça com alguns vagabundos adormecidos nos bancos e a silueta do prédio da igreja. Puxa a cortina para manter a luminosidade fora do quarto. Estivera naquela noite em três lugares e conhecera duas pessoas. Syd e Bonnie. Ela ficou ligada a eles por uma estranha intimidade. Agora sente-se enfraquecida. Está no estágio posterior ao da fome mobilizadora. Não tem forças para se alimentar. Precisa dormir.
Syd colocou a calça preta surrada e olhou-se no espelho do banheiro confiante de sua bela aparência. Sempre se dava bem quando saia para a caça. Alto, cabelos tingidos num tom ferrugem, picotados. Os olhos eram acinzentados e vasculhadores. Era noite de sábado, preparava-se para dar uma volta pelas danceterias da cidade, como fizera na sexta-feira. Estava a procura de um determinado tipo de pessoa e sabia aonde encontrá-las. Faltavam alguns minutos para as onze da noite e Syd começou a sentir-se fraco, a pressão baixou e as mãos gelaram. Precisava sair rápido. Olhou em volta, as paredes do apartamento giravam. Sentou-se na poltrona. Levantou-se a atravessou a sala indo em direção a cozinha asséptica. Abriu a geladeira quase vazia, pegou a garrafa de água e tomou no gargalo um grande gole. Não sentiu-se melhor. Algo corroia o seu estômago. Resolveu sentar e esperar o sintoma passar, sempre passava.
Bonnie abriu a agenda na letra PE. Olhou para o primeiro nome da lista e ligou para Paulo. O telefone tocou e ninguém atendeu. Voltou ao caderninho e passou o dedo no segundo nome e ligou para Patrícia que era o terceiro. Ela atendeu e disse estar saindo para a inauguração de uma danceteria , achava que seria a nova atração da cidade, porque a decoração era toda baseada em cenários de filme de terror. Ficava numa velha casa situada no bairro mais antigo. Bonnie anotou o endereço. Passaria lá antes da meia-noite.Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-14666651062196779872009-05-26T11:37:00.000-07:002022-04-11T11:56:57.186-07:00Aparição II - Parte final<meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 12"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 12"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CUSERBI%7E1.MAS%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><link rel="themeData" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CUSERBI%7E1.MAS%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link rel="colorSchemeMapping" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CUSERBI%7E1.MAS%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> 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Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="33" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Book Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="37" name="Bibliography"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" qformat="true" name="TOC Heading"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"Cambria Math"; panose-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0; mso-font-charset:1; mso-generic-font-family:roman; mso-font-format:other; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:0 0 0 0 0 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-unhide:no; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} .MsoChpDefault {mso-style-type:export-only; mso-default-props:yes; font-size:10.0pt; mso-ansi-font-size:10.0pt; mso-bidi-font-size:10.0pt;} @page 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style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Nunca tinha ido ao cais do porto na época do estio, o sol forte inibia a visão, ao olhar para o chão via-se entre os paralelepípedos a grama seca. Era meio dia, o lugar estava deserto. Olhou para o rio com nível bem mais baixo, dava para ver a marca anterior na mureta construída para barrá-lo. O mesmo navio ancorado há muitos anos continuava quase imóvel em estado de deterioração. Fez a incursão de sempre adivinhando que não encontraria qualquer ser vivo ou morto. Estava muito quente, seus neurônios pareciam fritar, pensava em todas as possibilidades, sentia o ar denso. Era como uma vibração que se expandia para todos os lados e para cima, como uma onda de calor. Foi até a porta do antigo bar e ao abrir a porta levou um grande susto ao ver Vicente sentado numa cadeira do velho cenário. Perdeu a noção das horas assim que a porta fechou atrás dela. A luminosidade era a mesma da noite em que entrara ali pela primeira vez. Os amigos de Vicente foram aparecendo de lugares que não conseguia ver, como se as paredes fossem as cortinas escuras de um palco. Sentavam-se em grupos nas mesas desocupadas e conversavam naturalmente. Ella e Vicente ficaram a sós. Ele falou que não queria assustá-la, mas não viu outra forma de levá-la mais uma vez ao porto. Esse lugar parece desabitado para quem não consegue ver a realidade. Nós somos muitos a ocupar essa área que não está abandonada ou inativa, nunca esteve. Poucos conseguem ver as várias manifestações da existência e você foi escolhida. Não se apavore e nem pense que sou louco. Nossa aparência é semelhante a de alguns jovens da sua idade, mas pode ser outra, num tempo passado ou futuro. Ella não estava com medo e sim com um pavor mortal, estava gelada, paralisada outra vez e com uma única pergunta a latejar na sua cabeça: O que ele queria? Se conseguisse falar, essa seria a pergunta derradeira, porque não acreditava que permaneceria viva ou lúcida. Depois de observá-la por minutos eternos disse que tinha falado o que queria e não iria mais <span style=""> </span>importuná-la. Podia ir. Um dia saberia o que esperava dela. Ella saiu do estranho bar em estado catatônico. A claridade era intensa, esbranquiçada. Sentia sede, olhou para o relógio: meio dia. Por que não tinha ido para casa? A memória fragmentada não lhe dava pistas. Alguma coisa tinha acontecido, mas não queria lembrar. Foi para casa, aquele fora o último dia de aula e sabia que passara nas provas, graças a ajuda de Victor. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Viu o resultado final no dia em que inscreveu-se para o vestibular. O amigo passou para o curso de medicina e Ella não passou para psicologia. No ano seguinte voltou aos estudos para o vestibular sozinha. Era como se estivesse esquecido da aparição do corredor, não lia mais as histórias de Maupassant, mas começou a se interessar por parapsicologia. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Numa noite de inverno ao passar pela área portuária, ficou fascinada com toda a movimentação existente no lugar, mesmo com a cerração baixa que deixava o chão escorregadio, transeuntes passavam de um lado para o outro, entrando e saindo dos armazéns com as fachadas pintadas. Tudo estava mais iluminado, havia lojas, bares lotados tocando música que parecia da década de 40, com músicos usando chapéu e terno de riscado. Os barcos ancorados eram novos, inclusive o navio, estava restaurado. Para Ella tudo se passava atrás de uma espécie de cortina transparente. Senti-se seduzida por aquela imagem. Ao encaminhar-se para o rio viu Vicente estendendo a mão, convidando-a para embarcar no navio. Começava a lembrar, agora sabia o que ele queria.</p> Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-61897337643021065602009-05-18T07:31:00.000-07:002022-04-11T11:51:35.417-07:00Aparição II <div align="justify"> Depois desse dia Ella nunca mais foi ao cais do porto. Não comentou o acontecido e até se recusava a pensar sobre aquilo que não conseguia entender. Vicente desapareceu. Começou a levar a vida de forma mais tranqüila, sem sobressaltos, dedicando-se aos estudos para as provas finais e ao concurso do vestibular. Não imaginava que voltaria a ter aquela visão no corredor do prédio em que morava. Ele estava ali. O que estava querendo? Quem era? Vicente, o homem esquilo ou um dos outros? Só poderia ser Vicente que estava querendo amedrontá-la como fez quando foi no apartamento dele. Não sabia o que fazer, não podia contar com ninguém e o que era pior, ninguém acreditaria nela. A única solução era voltar a área portuária e descobrir tudo sozinha, mesmo que isso custasse a sua vida. O medo impediu que cumprisse o seu plano, até não conseguir sair do apartamento à noite, porque na escuridão do corredor voltava a ver o espectro luminoso.</div>Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-62516831180955969232009-05-11T07:09:00.000-07:002009-05-11T17:32:52.341-07:00Aparição II - terceira parte<div align="justify">Mesmo sendo um dia de semana, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">Ella</span> decidiu ir ao bar do cais do porto, a noite se insinuava fria e a cena parecia repetir-se: o lugar quase deserto e o homem esquilo cruzando o seu caminho como se estivesse atrasado para um compromisso importante. Passou <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">direto</span> pela porta do bar seguindo em <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">direção</span> ao rio. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">Ella</span> achou que o lugar ainda estava fechado e forçou a porta achando que não abriria. Ficou surpresa quando ela escancarou facilmente. Apesar da escuridão pôde ver que o balcão, as mesas e cadeiras haviam sumido. Nada mais do que fora um bar estava ali. O lugar abandonado cheirava a mofo e parecia estar fechado há muito tempo. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">Ella</span> não acreditava, a porta era a mesma, pintada de preto, não podia estar enganada. Andou entre outros armazéns para ter certeza e não encontrou nenhuma porta como aquela. O lugar era aquele naquele acesso ao porto, os portões eram identificados com as letras do alfabeto e o seu era o A. Olhou na <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">direção</span> da orla do rio e viu Vicente conversando com o homem esquilo, estavam de costas para <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">Ella</span> e pareciam discutir. Vicente parecia repreender <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">Blue</span>. Não ouviram <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">Ella</span> se aproximar e falavam num idioma que não conhecia. Ficou encostada na parede atrás de uma coluna e viu quando o homem esquilo caminhou em <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">direção</span> a um beco escuro entre as construções, seguido por Vicente. Congelou quando não conseguiu mais ver os homens ou o vulto deles e sim dois seres planando no ar, tinham uma espécie de fosforescência e emitiam um som chiado, como uma interferência <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">elétrica</span>. Quase desmaiou e levou muito tempo para recobrar-se e ir embora.</div>Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-5337560402445278512009-05-04T12:22:00.000-07:002022-04-11T11:50:52.552-07:00Aparição II <div align="justify">O riso excessivo e quase sem som fez com que parecesse parte de uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">dublagem</span> grotesca. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">Ella</span> sentia-se num daqueles cenários em que há vários espelhos que distorcem a imagem. Nada parece ser o que realmente é. A sensação de medo que só espreitava se fez presente. Não havia ali qualquer coisa que pudesse lhe dar segurança a não ser a porta da saída. Vicente levou algum tempo para parar com aquilo que mais parecia um espasmo, depois olhou para <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">Ella</span> e se desculpou. Mudou de assunto e passou a agir com <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">tranquilidade</span> e equilíbrio, mas além daquilo, ele demonstrava certa frieza e distanciamento. Quando o rapaz foi na cozinha pegar um copo de água, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">Ella</span> puxou distraída o puxador da gaveta de um balcão de madeira, próximo ao sofá da sala, quando abriu, olhou sem pensar, e viu que estava vazia, uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">idéia</span> passou a habitar seus pensamentos e fez com que abrisse todas as gavetas e portas do móvel para constatar que estava vazio, antes que Vicente retornasse a sala. Depois entornou o copo de uma só vez, disse que tinha que ir encaminhando-se para porta estendendo a mão e girando a maçaneta impedida pela chave. O rapaz destrancou a fechadura. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">Ella</span> saiu quase correndo. Antes de ir embora deu uma olhada para dentro do quarto em que havia apenas uma cama. Poderia apostar que Vicente não morava ali.</div>Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-88057407411522169392009-04-25T12:03:00.000-07:002009-05-04T12:31:33.753-07:00Aparição IIFoi o que perguntou assim que ficaram a sós, enquanto Victor aguardava a alguns passos de distância, próximo ao meio fio, o carro de seu pai que vinha buscá-los. O rapaz respondeu que não havia mistério algum, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">Blue</span> escutou o endereço quando <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">Ella</span> instruiu o motorista de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">taxí.</span>Realmente não havia mistério, a não ser o fato do homem esquilo, ser uma espécie de espião e ter como nome uma cor e não ter o nome de um bicho. De qualquer forma, não seria indiscreta o bastante para averiguar a origem do cognome do homem azul e isso não era relevante, como diria Victor. Estranhou o comportamento do amigo ao ser apresentado a Vicente, ele que no início pareceu tão desconfiado em relação àquele grupo. Era bem provável que não soubesse de quem se tratava. Resolveu deixar as coisas como estavam, talvez tudo fosse excesso de sua imaginação. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">Ella</span> mudou de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">idéia</span> quando Vicente começou a aparecer em todos os lugares em que estava. A segunda vez foi na saída da escola. Deixou que a acompanhasse até em casa. Uma outra vez no supermercado e assim passou a vê-lo todos os dias. Sentia-se vigiada, como se tivesse perdido a liberdade e ao mesmo tempo não conseguia recusar os convites que ele fazia. No dia em que foi no seu apartamento, num bairro pobre próximo a área portuária, soube que não tinha pais. Fora criado num orfanato. Os amigos também, alguns tinham sido criados por famílias que os <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">adotaram</span>, outros por instituições. O que os aproximara foi essa falta de referência materna e paterna verdadeira. Vicente lembrou da vez em que <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">Ella</span> falara dos pais e ele respondera que tiveram pais cuidadosos também. Talvez tivessem sido se suas histórias fossem diferentes. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">Ella</span> ficou embaraçada, não sabia o que dizer nessas situações em que tragédias eram reveladas. Ficou quieta olhando para a parede sem pintura da sala do apartamento pequeno e quase sem mobília. Tudo parecia resolvido, havia certo constrangimento no ar, eles eram apenas jovens órfãos esquisitos. Até que Vicente começasse a rir e dissesse que era tudo mentira.Megmauhttp://www.blogger.com/profile/08335476994360468088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5751236626175251299.post-60621060342387686432009-04-19T10:42:00.000-07:002022-04-11T12:25:42.828-07:00Aparição II <div>
Ella chegou cedo na noite da exposição, porque tinha hora
para ir embora. Victor a esperava noutra festa. Só aceitou dar cobertura para
a sua aventura naquelas condições: encontrá-lo em outro lugar e voltar para
casa em sua companhia. Parecia um irmão mais velho. Soava estranho para quem
era filha única. Um dos armazéns foi preparado para a mostra dos quadros.
Pendurados em paredes com a tinta descascando formavam um painel. A luz que os
iluminava era fraca, amarelada, contrastava com as paisagens pintadas nas
telas de moldura de madeira entalhada. As pinceladas soltas pareciam ter sido
feitas por alguém que tinha pressa e não queria perder os movimentos da cena
retratada. Ella não sabia de que época eram aqueles quadros, mas pareciam
antigos, de artistas conhecidos do século XIX e não daquele bando de garotos.
Não aceitou a taça de vinho que Vicente lhe ofereceu para brindar com o grupo.
Ele não insistiu depois que falou que não bebia. Em pouco tempo o lugar lotou.
As pessoas eram mais velhas e pareciam entender de arte e ter dinheiro para
comprar. Despediu-se depois de uma hora e foi ao encontro de Victor, antes de
sair comentou com Vicente que estava indo a outra festa. Ele desculpou-se,
estava ocupado atendendo os convidados. Pediu que o homem esquilo a
acompanhasse até um ponto de taxi. Ele nada falou, enquanto andava olhava
rapidamente para todos os lados, só faltava roer uma noz tirada de um dos
bolsos do casaco surrado. Contou a Victor sobre os quadros, os temas
retratados a técnica usada. Ele falou que parecia ser imitação da obra dos
pintores impressionistas e pós impressionistas. Não era nada de mais, todo
artista tem aqueles nos quais se inspira. Ella pensou que os quadros mais
pareciam cópias de originais do que outra coisa e resolveu deixar mais aquele
dado para análise posterior. Quando se encaminhavam para a saída do clube,
Ella percebeu que alguém familiar andava na sua direção sorrindo, não
reconheceu o rapaz, vestido como qualquer outro da festa. Ficou em dúvida
durante alguns segundos até ele ficar bem próximo. Quando os abordou, Ella
intrigada, já havia reconhecido Vicente e apresentou-o a Victor que pareceu
simpatizar com ele e retribuiu o aperto de mão de forma calorosa, como um
velho conhecido. Não lembrava de ter dito para ele o endereço da balada. Como
foi que descobriu?
</div>
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